Homem-Aranha: Sem Volta para Casa - FINALMENTE TOM É PETER!

 


Produção: Kevin Feige, Amy Pascal

Direção: Jon Watts

Roteiro: Chris McKenna, Erik Sommers, Stan Lee, Steve Ditko

Elenco: Tom Holland, 
Zendaya, Alfred Molina, Benedict Cumberbatch, Benedict Wong, Jamie Foxx, Jon Favreau, Marisa Tomei, Rhys Ifans, Hannibal Buress, J.K. Simmons, Tony Revolori, Jacob Batalon, J.B. Smoove, Thomas Haden Church, Willem Dafoe, Angourie Rice, Paula Newsome, Harry Holland, Tobey Maguire, Andrew Garfield 

Gênero: Ação, Aventura

Duração: 148 Minutos

Quem acompanha o blog sabe que não sou daquelas que espera o melhor filme ou série da vida quando o assunto é Marvel. 
Enquanto o mundo surtava esperando por Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa, eu só aproveitava os memes e ria com a alta expectativa sendo criada e alimentada tanto por fãs e criadores de conteúdo quanto pelo próprio estúdio.
Não irei aqui recapitular toda a novela feita pela Sony e Marvel porque, bem, já nem importa mais. 
Aqui só discorrerei sobre os acertos e um ou dois errinhos que me incomodaram, porém, não tiraram nada do assombro que senti durante a sessão. 





Amo estar errada

Como sou bastante incisiva nas minhas posições e opiniões, as pessoas julgam que eu quero estar certa o tempo todo. Na verdade, é o contrário. Como sempre espero o pior, é muito melhor quando me provam que fui equivocada. 
O que esperava era mais um filme com a fórmula Marvel, que, a mim, não apetece muito, e, de novo um Homem-Aranha que não tem noção de quem é nem quem quer ser. Se Tobey e Andrew estivessem no filme, ótimo, se não, tudo bem, também, porque, já dava a derrota como certa. A minha fé nos roteiristas e principalmente em Jon Watts era nula.

E, de novo, que ledo engano! Que maravilha! Que absurdo de entretenimento! E não só entretenimento. Se tem uma coisa que Homem-Aranha faz com primazia é dar lição de moral valiosa a uma alma velha de guerra que já perdeu a fé na humanidade. Peter nunca foi egoísta, nem inconsequente. Ele já fez besteiras, sim, em toda HQ lá vinha pelo menos uma mancada, mas sempre aprendia a lição e depois, não reincidia no erro. Coisa que foi praticamente ignorada por Watts nos filmes anteriores. A infantilidade de Parker estava beirando a deficiência neural! E se tem uma coisa que o Teioso não tem é problema neurológico. O rapaz é extremamente inteligente! Ver essa volta da super inteligência lógica do personagem foi outra coisa linda de ver. Prazerosa, mesmo.




Roteiro quase perfeito

Uma coisa que eu tinha certeza que não funcionaria, era justamente um dos principais fatores para que um longa-metragem funcione: o roteiro. Nos outros dois, não funcionou. Em Homecoming nem o interesse amoroso do protagonista convence, só uma cena do filme inteiro se salva e as boas atuações tanto de Tom Holland quanto de Michael Keaton (Marisa Tomei só aparece pra deixar claro que é a Tia May-versão-gostosa, não deixaram a mulher atuar). Longe de Casa é terrível. De novo, somente duas boas cenas, ambas emotivas, e ambas ligadas à perda de Tony Stark.
Jake Gyllenhaal poderia ter-se poupado. 

Porém, aqui, não, não teve menção honrosa a Stark (que, pra deixar bem claro, era o meu personagem favorito no MCU até Doutor Estranho ser tão magistralmente adaptado), nem Homem-Aranha de assistente de outro herói, nada disso. Finalmente, Tom se tornou Peter, finalmente ele compreende que ações tem consequências, e que às vezes, mesmo tendo a melhor das intenções, pessoas se machucam, e não há como mudar o que foi feito, no entanto, é necessário lidar com o porvir e que, fazer o melhor para os outros, infelizmente, às vezes, também significa renunciar a coisas que nos são caras. 

O roteiro funciona por ser inteligente, bem pensado e desenvolvido. Porém, é preciso esclarecer que, existem sim, alguns problemas, inconsistências e conveniências. No entanto, os prós são bem mais numerosos e importantes, e como os contras são contornados, fazem-nos ser quase irrelevantes, pra quem estiver querendo se divertir com o filme. 

A revelação da direção

Jon Watts não causava boa impressão, pelo menos não em mim, e isso mudou logo na primeira sequência de Sem Volta Pra Casa, pois não só os acontecimentos mas também os movimentos das câmeras, os diálogos, e já de cara, o conflito entre Peter e sua persona heroica, prende e instiga, e percebe-se como Peter está perdido e atormentado com as consequências de ser quem é, na vida das pessoas que ele ama. Isso é somente o começo de toda a jornada que o rapaz não teve desde sua primeira aparição em Guerra Civil, saber e enfrentar as reações que suas ações desencadeiam. 

A condução das cenas, o talento demonstrado por Jon ao filmar, tanto os atores em close, quanto planos mais abertos, dá gosto de ver e de acompanhar. As cenas de ação e luta, ficaram não só bem coreografadas e fáceis de acompanhar, mas também, e muito importante, não se tornaram tão infantis como normalmente é nesse tipo de filme.

Atuações

Se a direção é o cérebro de um filme, o roteiro é o pulmão, o elenco seria o fígado? O coração? Algum órgão vital, certamente. Em Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa, esse órgão funciona perfeitamente (ou quase). 
Tom Holland sempre foi bom ator. A maioria dos seus trabalhos pré e pós Marvel, fez no mínimo, o que se esperava. Aqui, sua atuação está, além de sincera e emotiva (e emoção aqui, não é só no que concerne ao drama, e sim em toda cena, toda expressão onde Peter esteja confuso, feliz, irritado, Tom consegue passar tudo isso em questão de segundos, em um olhar, um movimento), está muito consistente, coerente e sóbria. Tom está finalmente podendo se tornar Peter Parker e está bem à vontade e determinado a fazer o seu melhor. Finalmente Tom é Peter!


Outro que, visivelmente, estava esfuziante revivendo seus tempos de Cabeça de Teia era Andrew Garfield. Que ator. Que desempenho. Que entrega. 
Andrew sofreu muito com as críticas na época de seus filmes, pois julgavam seu Peter descolado demais, e os filmes ruins (nisso eu concordo). Na minha opinião, Andrew foi ótimo, se não o melhor Teioso até agora, não deve nada a Tobey. Inclusive no que tange a atuação, Garfield é incrivelmente superior. Embora, em Sem Volta Pra Casa, Maguire também esteja muito bem. Muito melhor do que de costume. 



No elenco vilanesco também não há ninguém indo mal. Jamie Foxx, Thomas Haden Church, Alfred Molina, todos estão excelentes, mas não há nada que se possa comparar a Willem DeFoe. 
O homem é de uma competência soberba. Norman Osborn não apavora somente por ser um gênio maligno, mas por ser completamente insano e imprevisível. Ele causa medo real, pois, sua vilania é realista e plausível. Sua incontrolabilidade chega a causar pena, às vezes. Norman é uma triste vítima de si mesmo que causa pânico ao Homem-Aranha e ao mundo, mas a ninguém mais do que à pessoa que o encara no espelho. Personagem terrível, complexo, mas também cativante e trágico. Somente um gênio poderia interpretar a outro. 

Falando em gênios interpretados por atores geniais, não poderia deixar passar a oportunidade de me desmanchar por Benedict Cumberbatch.  

Doctor Strange/Doutor Estranho é meu personagem masculino favorito da Marvel desde criança e não poderia haver escolha melhor para o interpretar se não um dos melhores atores na ativa. Benedict entende, por isso, representa seus personagens como poucos. Nunca o vi atuando de forma que não fosse excelente uma única vez que fosse. Aqui, apesar de haverem algumas facilitações ao protagonista, porque, afinal, o filme é dele, Strange continua imponente e poderoso, dando a Benedict uma importante e coerente participação nesse épico do Homem-Aranha.

Zendaya e Jacob Batalon também tem grandes momentos, ainda que ao personagem de Batalon tenha sido adicionada uma característica importante de forma arbitrária, o ator tem um carisma sólido, que ajuda a relevar esse problema do roteiro, e faz suas falas e expressões que poderiam soar forçadas, serem somente gracejos bem vindos. 




Já a eterna Miss Disney Channel continua uma querida. A vontade que dá é de pegar Michelle Jones no colo e a levar para tomar sorvete (pelo menos para a minha pessoa, trintona, entendo que aos mais jovens os ímpetos sejam de diferente natureza). 

Algumas pessoas se disseram surpresas com a entrega de Marisa Tomei como Tia May, principalmente em uma cena decisiva para a história e caráter de Parker. Vale lembrar que a atriz é oscarizada e foi uma das sensações na década de 90. Ela é ótima, excelente, mas assim como Tom, não teve um roteiro e direção (no caso dela nem espaço teve) que soubessem trabalhá-la devidamente nos outros dois filmes da franquia. Agora deixaram a menina brincar e olha só, embasbacou o público.
 
                              




O que eu realmente preciso dizer a respeito deste filme, desta estória e sobre heróis no geral:

Vi umas poucas almas amarguradas maldizendo a melhor coisa nesse enredo: o heroísmo ingênuo, puro, inocente mesmo e, profundamente desinteressado de Peter. Na ponte, quando a vice reitora do MIT diz que ele é um herói, Parker somente responde "Não...não" e quando ela diz que falará com a universidade não só sobre MJ e Ned, mas também sobre ele, o rapaz insiste que aquilo não é sobre ele.
E essas almas perturbadas encontraram uma coisa forçada aí.

O mesmo problema me enraiveceu quando saiu Mulher Maravilha 1984. Aquele filme não é ótimo. Tem boas cenas, mas, muita coisa não funciona (dessa vez não dá pra culpar ninguém, Warner deixou Patty Jenkins fazer o que quisesse, ela que esqueceu o Rivotril), a mim, particularmente, muita coisa agrada e o saldo final, mesmo com os problemas enormes, é positivo. No entanto, compreendo quase todas as reclamações. Exceto uma: "Mulher Maravilha está heroica demais. Boazinha demais." 

Falei acima que meu personagem masculino favorito antes da entrada de Stranger no MCU, era o Homem de Ferro, e isso porque não sou muito afeiçoada a personagens com a moral límpida em intacta, porque soa hipócrita e mal feito na maioria das vezes, mas não foi o caso nem da heroína da DC nem do herói da Marvel. Ambos falharam, cometeram erros, alguns bem graves, até, mas existia um bem maior pelo qual lutar e não se deixar ir pela dor, apelando pra vingança. 

Homem-Aranha: Sem Volta Pra Casa é sobre amadurecimento, autoconhecimento (que é a maior forma de poder que temos disponível), amor incondicional, altruísmo e segundas chances. Todo mundo ali precisava dessas coisas todas. Todos os personagens tinham algo a aprender, um pouco a crescer, superar e resgatar. É por isso que histórias em quadrinhos sempre foram necessárias e suas adaptações pro cinema, quando bem feitas atraem tanto, porque, de forma lúdica e totalmente fora da realidade padrão conhecida, elas acessam exatamente a parte da nossa consciência (ou alma) que precisa aprender determinada coisa, que precisa virar uma chave, mas que com exemplos práticos não apreende, não enraiza, por que são lições que necessitam ir tão fundo que são endereçadas à nossa criança interior, pra que se mostre ao adulto que ele também pode e deve ser bom, leal, íntegro e até ingênuo, porque heróis estão em falta, e nós sabemos o quanto estamos necessitados deles, e qualquer pessoa pode ser tão admirável quanto Peter Parker ou Mulher Maravilha, se quiser.

                                                                                                                        

Ps: A cena em que o advogado pega o tijolo é uma das minhas favoritas em todo o MCU. Amo aquele personagem (desde sempre), até sua aparição rápida como foi, ainda assim, adorei cada segundo dela.













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