#Revendo - Um Lugar Chamado Notting Hill: Romantismo e Hugh Grant na melhor fase de ambos.
Um Lugar Chamado Notting Hill
Direção: Roger Michell
Roteiro: Richard Curtis
Atores: Hugh Grant, Julia Roberts, Rhys Ifans, Emma Chambers, Hugh Bonneville, Gina McKee
Esse ano é aniversário de lançamento de um clássico do cinema moderno (ou pelo menos assim considerado por muita gente, incluindo essa que vos fala). Um Lugar Chamado Notting Hill estreava em 21 de maio de 1999 e tinha no elenco não só Hugh Grant e Julia Roberts - que eram algumas das maiores estrelas cinematográficas em ascensão no período - fazendo o casal principal, como também um ótimo time de coadjuvantes.
Rhys Ifans foi hilário interpretando Spike, o cara com quem William Thacker (personagem de Grant), divide o apartamento onde mora. E Hugh Bonneville, mais conhecido por seu papel em Downtown Abbey. Emma Chambers como a irmã mais nova de William, Honey, também está ótima, assim como Gina McKee com sua Bella.
Alguns fatores além dos atores e da direção talentosa e sensível de Roger Michell ou o roteiro de Richard Curtis fizeram desse um longa-metragem tão querido e cultuado.
Pequenas subeversões:
A subversão da nossa expectativa ao ter uma cena de beijo logo no início (aos 15:56 minutos, mais especificamente) é uma das coisas que colaboraram para o meu interesse ser maior do que o habitual a esse gênero de filme.
Outra pequena subversão: tanto na cena do restaurante quanto no jantar de aniversário da irmã de Thacker (e em outros momentos mais óbvios) ficam evidentes as vulnerabilidades de Anna, interpretada com maestria por Julia, como ela é insegura na carreira e com sua aparência, muito graças ao machismo do meio em que trabalha.
Comédia com Romantismo:
Apesar de parecer redundante, não é. Muitas vezes as comédias românticas só fazem corretamente um ou outro e em muitos casos não acertam nem no que é pra causar riso, nem no que é pra dar aquele aconchego no coração, aquela suspirada mesmo nos mais insensíveis. Aqui há garantia tanto de riso, principalmente quando Rhys Ifans entra em cena quanto de sorrisos satisfeitos pela química intensa porém meiga dos personagens tão bem interpretados por Roberts e Grant.
Dramas e discussões sociais:
Embora em nenhum momento o roteiro queira "sambar na cara da sociedade", algumas questões são naturalmente levantadas e você se pega pensando nelas organicamente. Não há "lacração" porque eu considero isso quando há uma bandeira a ser içada e abanada contra o vento. O que demanda esforço e surge vergonha alheia pelas falas ou situações apresentadas. Nesse caso, nem um nem outro acontece.
É simples resultado de como tudo na produção é realista. O machismo em Hollywood é o mais flagrante exemplo, mas também tem uma reflexão sobre classicismo e até onde é lícito expor as pessoas ao escrutínio do público com a justificativa de que elas já são públicas. Há ainda outros assuntos mas vou deixar que você perceba-os por si, caso decida assistir ao filme.
Trilha sonora e música incidental:
She, (que é basicamente uma declaração de amor das mais emocionantes) música composta por Herbert Kretzmer e Charles Aznavour (se você achou que fosse de autoria do cantor Elvis Costello, estamos juntos no balde de água fria, colega) virou uma espécie de código para todos os amantes ou - mais ainda - apaixonados solitários nessa época. Qualquer pessoa adulta desprovida de romantismo no coração que possuísse amigos ou parentes em relacionamentos (ou,com alguma paixão platônica) sofria com reproduções incessantes da faixa em todo e qualquer lugar.
O mesmo vale para When You Say Nothing At All, autoria de Don Schlitz e Paul Overstreet, cantada por Ronan Keating, essa mais executada pelo público mais jovem, ainda que os mais velhos também gostassem. Com outros grandes nomes, do naipe de Al Green e Shania Twain, foi uma das trilhas sonoras mais vendidas na época.
Durante o filme, as músicas se encaixam perfeitamente nas cenas nas quais são inseridas.
A música incidental, que acompanha os personagens no desenrolar dos acontecimentos, não é menos impactante do que a trilha "cantada", digamos. Ela sublinha o que os envolvidos estão sentindo e ajuda a compor o andamento da produção de maneira sublime.
Mais uma coisa (bem pequena, ínfima na verdade, e pessoal) que me pegou de jeito agora quando o assisti novamente, pela enésima vez, após muitos anos para poder fazer esse artigo: A porta do apartamento de Thacker, a fachada de sua livraria e a porta giratória do local onde é feita a coletiva do final, são no tom de azul que eu me acostumei a chamar de azul-TARDIS, pois é da mesma tonalidade da cabine em Doctor Who. É uma coisa tola? Certamente, mas me fez gostar mais ainda do filme.
Em suma: é uma história até um pouco clichê em alguns pontos, mas contada de uma forma tão cálida e natural que não há como não se apegar aos personagens (todos eles) e se sentir parte daquele núcleo tão querido e sensível. Recomendaria em 1999 - como se alguém ouvisse recomendações de filmes de uma criança de 11 anos - e continuo recomendando agora.
Em cartaz no Telecine Play e nos canais Telecine.
Nota: 8.6
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