#Revendo: Midsommar (meio do verão/solstício) "Porque fazer filme perturbador que se passa à noite é para os fracos"
Duração: 2hrs26min
Direção: Ari Aster
Lançamento: 10 de julho de 2019
Suécia/EUA
Em menos de dez minutos de filme, com diálogos rápidos e intensos, percebe-se que Dani, brilhantemente vivida por Florence Pugh, é insegura e sensível, talvez frágil e solitária também. A menina tem uma família que, ao que parece, carrega nas costas, sobretudo a irmã, que é bipolar e vive em crise após crise. Se sentindo perdida, ela busca apoio no namorado, Christian (a quem Jack Reynor dá vida com competência), que não gosta mais dela e só mantém o relacionamento por covardia e comodismo.
Após uma tragédia familiar, Christian se vê obrigado a trazer a namorada numa viagem a Suécia que estava planejando com os amigos. Viagem sobre a qual ele sequer conta a ela. A garota descobre numa festa quando perguntam-lhes seus planos para o verão.
Na Suécia, onde o sol nunca chega a se pôr por completo, eles são levados a uma comunidade pagã fechada, para passarem os nove dias do solstício. O que esperar? Drogas, comida, bebida, curtição e belas paisagens, certo? Não é bem assim não.
A primeira cena chocante acontece de supetão. Você sente o impacto junto com a protagonista e o grupo de turistas. Após certa comoção e perturbação naturais, a sensação de alguma coisa errada não está certa continua crescendo tanto em detalhes quanto em cenas mais expansivas.
O ritmo instigante e homogêneo faz com que não se sinta as quase duas horas e meia do longa.
A direção de Ari Aster tem total domínio do roteiro e da narrativa. A fotografia, trilha sonora e edição também estão no seu nível artístico mais aplicado.
Não sei até que ponto as comparações com "Hereditário", "A bruxa" e "Pânico na Floresta" são válidas. Apesar de sim, terem seus pontos parecidos, (principalmente "Hereditário" por ser do mesmo diretor) o longa de 2019 tem sua própria alma e identidade marcantes.
Mas afinal sobre o que é Midsommar?
Sobre relacionamento abusivo? Sobre a hipocrisia nossa de cada dia, que, nos faz, ao nos deparar com algo autenticamente fora dos costumes judaico-cristãos, taxarmos como errado e bizarro, sem sequer tentarmos entender o que se passa da perspectiva do outro? Os dois. E eu adicionaria mais uma coisa da qual o filme fala incessantemente::família.
Dani perde sua família de forma bárbara, mas mesmo antes disso, ela não possuía realmente um lar, não parecia se sentir pertencida àquele meio. Com certeza ela os amava, mas fica claro que não era uma relação sadia. Quase o mesmo ciclo ela enfrenta com Christian e seus amigos. Com exceção de Peelle, nenhum realmente gosta dela. Nem o próprio namorado. Ela tem seu próprio círculo de amizades(pelo menos uma amiga - e bem sensata - nós sabemos que possui), mas nenhuma pessoa com quem ela realmente sinta uma forte ligação e confie totalmente, como se faz num ambiente familiar afetivo e acolhedor. É por tudo isso, e, por, já estar exausta de se sentir só, abandonada e diminuída que ela, apesar de estranhar algumas coisas e até se assustar com outras, vai se deixando envolver e fica cada vez mais absorta naquela realidade. Pois, por mais bizarro que seja tudo aquilo, uma coisa é inegável: aquela comunidade é, de fato, uma família no melhor sentido. É evidente que todos se apoiam e se amam incondicionalmente. E, assim que pisa lá, Dani recebe o carinho e o acolhimento que nem sabia o quanto ansiava e precisava.
Acredito que haja até mais a se apreender do filme. Nessa segunda assistida percebi detalhes que, antes me passaram despercebidos. O quadro da menina com o urso no comecinho, e depois, ao chegarem na comunidade e verem um urso enjaulado, dando uma pista do que viria depois, foi uma delas.
É um filme que indico quando pedem uma obra surpreendente, dramática e impactante.
Recomendei em seu lançamento, e continuo fazendo.
Nota: 8.2
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