Pânico na Floresta: A fundação (Wrong Turn: The Foundation) 2021. Quem precisa de canibais quando se tem um tronco voador?

 


Estava eu andando pelo PopcornTime, e essa imagem acima me chamou a atenção. Como estava em inglês, claro que não sabia que em PT-BR o título seria "Pânico na Floresta: A Fundação". Talvez se eu soubesse, o preconceito me tirasse um bom momento de diversão. 
Nunca fui fã de "Pânico na Floresta". Nunca assisti a um só filme da franquia. Sequer sabia do que se tratava. 
Mas ao procurar pelo título em português do filme assistido, vi que se tratava de um reboot da famosa franquia, e por isso, não foi bem aceito. 

Uma pena. Tudo porque a franquia original gira ao redor do canibalismo. Aqui, isso não existe.  
Os meninos do canal PeeWee apontaram que talvez só tenham chamado de reboot e adicionado o nome "Wrong Turn/Pânico na Floresta" ao invés de chamar somente de "The Foundation/A Fundação" pra dar mais visibilidade ao projeto. E uma vez que iludiu os fãs de uma franquia e não fez relação alguma com nada dos filmes contidos nela, a decepção se instalou nessa parte do público, que grita a plenos pulmões que a produção é ruim. 

Mas esta que vos escreve, que não faz parte dessa audiência, ficou satisfeita e achou bom. Com ressalvas, claro. 

Começa bem naquele visual de clichê do pai herói cuja filha desapareceu e ele vai em seu resgate. Só isso já necessita de uma baita suspensão da descrença. Matthew Modine tem 62 anos e é o único dos pais dos seis jovens que estão a algumas semanas sumidos que se preocupou a ponto de ir atrás da filha? Ninguém mais pensou em chamar a polícia, bombeiros, ou quem quer que seja chamado nesse tipo de busca? Só o senhorzinho sessentão enxuto? E Modine fez cursinho com Liam Neeson pra aprender a resgatar filha da mão de assassinos cruéis? - Aliás, posteriormente, a subversão disso ficou muito boa. E se eu não tivesse visto o vídeo no PeeWee, nem teria notado.

Há intercalações entre o que de fato aconteceu aos garotos, e a busca do pai. Depois a junção dos dois paralelos é natural. 

Um detalhe:
Gostei muito de como a homofobia e o racismo estrutural do meio-oeste foram postos. Sem alarde. Sem bandeirada. Tá aqui. Se quis ver, viu. Se quiser ficar indignado, fique. Você está certo em ficar. 

E pára por aí. 

Conforme os perigos que os jovens correm vão se intensificando, mais situações insólitas vão se desencadeando. 

Apontarei duas que, creio, serem tão fora de tom, que não chega nem a ser um spoiler alertar sobre elas:

Um tronco voador desenfreado vem na direção deles e ninguém pensa em, sei lá, correr para o lado? É um tronco (ainda que voador)! Ele não vai te seguir. 

E também, como o roubo dos celulares ocorre de madrugada sem ninguém notar? Não seria mais fácil ficarem descarregados, ou sem sinal? 
Porém, caso você consiga relevar principalmente esses dois, digamos, lapsos de bom senso, então você vai aproveitar bem o longa. Eu, ingenuamente, quando vi o tronco voando pensei se tratar de uma força sobrenatural muito poderosa e fula da vida. A real ameaça me foi um pouco decepcionante quando revelada, mas depois o desenrolar me agradou. Principalmente o final.

Uma cena em específico pode causar estranheza pelo uso da câmera lenta. Só faltou a trilha sonora proeminente e o filtro sombrio pra eu ir checar se o Zack Snyder era o responsável pela edição, montagem ou fotografia. 

Brincadeira, discípulo de SnyGod. É brincadeira. Até gosto dele.  

O roteiro tem falhas, como as grotescas acima citadas, mas no geral é bom. A direção de Mike P. Nelson é sóbria. Não força nada. Não quer a todo custo que saibam seu nome, não faz o máximo pra deixar sua marca. Talvez isso não seja bem por sobriedade ou modéstia, talvez seja somente falta de experiência. No currículo, Nelson só tem mais um longa (e uma boa quantidade de curtas), intitulado The Domestics (2018), que nunca nem ouvi falar (se alguém quiser que eu veja e fale sobre ele, é só pedir nos comentários ou no twitter @carolnerdchyc). Por enquanto, não há muito que reclamar ou exaltar de seu trabalho. Aqui é bem feito (mas sinto que poderia ser melhor).

Caso você se lembre de Midsommar, A Bruxa, Hereditário e O Homem de Palha, não será a única pessoa a fazê-lo. Alguns elementos desses filmes estão sim, bem presentes nesta obra.
 
As atuações são razoáveis. Charlotte Vega, que interpreta a protagonista é até bem talentosa em algumas cenas. No geral, ninguém fez feio não. Ninguém vai concorrer ao Oscar num futuro próximo, mas também não vai ganhar um Framboesa de Ouro. 

Modine está bem. Passa aflição quando busca a sua cria, passa determinação quando dizem pra ele ir embora e responde que não arreda pé até encontrar sua pimpolha, enfim...cumpre bem o papel de progenitor justiceiro que lhe é dado. 

A reviravolta do final me deixou embasbacada e muito agradecida por ter assistido até o último instante. Uns bons dez segundos após a subida dos créditos, eu ainda estava olhando perplexa para a tela. 
/
 Em suma: Bom desenvolvimento, direção competente, atuações razoáveis e um enredo envolvente me garantiram uma hora e cinquenta minutos de bom entretenimento. Sem superlativos. 
           
                                                                                                                         Nota: 6.5


Gostou da crítica? Quer ajudar a manter (e crescer) o blog? Vai na HOME e clique nos botõezinhos pra curtir a página no facebook e seguir-me no twitter. Se desejar, também se tornar um padrinho/madrinha do blog, manda um pix de qualquer valor para carollsophies@gmail.com 

Comentários

Postagens mais visitadas