Little Ashes/Poucas Cinzas (2008): Salvador Dalí. A primeira prova de que Robert é muito maior que Edward.
Numa das tentativas de dissuadir minha opinião pelo menos sobre Robert Pattinson, me indicou o filme Poucas Cinzas, dirigido por Paul Morrison, cujo trabalho não conheço, no entanto nesse filme me pareceu que somente fez o básico. O mérito (se há algum) fica pelos atores. Sim, porque, não lembro se pensava assim naquela época, mas as atuações de Pattinson(Dalí), Javier Beltrán(Frederico García Lorca) e Marina Gatell(Margarita) me prenderam e surpreenderam positivamente.
A técnica não chama a atenção mas também não faz feio. Assim como a direção, faz o seu dever. Nada mais, nada menos.
Dalí era uma criatura exótica. Ao mesmo tempo tímido e exibicionista. Arrogante e humilde. Impossível de acompanhar o que seria no decorrer do dia. Estava numa hora de um jeito, na hora seguinte, de outro. Robert passou muito bem todas essas nuances. Tanto que, à princípio, achava que ele estivesse inseguro, quase trêmulo e depois percebi que não, era somente uma das facetas de Salvador.
Javier Beltran consegue dar um ar de inocência a García Lorca que me tocou profundamente. Fica óbvio que ele amava o pintor, e, sabia ser amado de volta. Mas também aprendeu que, ao menos naquela época, o artista nunca teria coragem de expor tais sentimentos, nem para si mesmo.
O longa é baseado em cartas que Dalí escreveu antes de morrer, confessando seu amor por Lorca.
Com momentos um pouco irregulares e coadjuvantes sensacionais pouco explorados (Luís Buñuel, cineasta espanhol naturalizado mexicano, por exemplo, praticamente só fez o ator inglês Matthew McNulty bater o cartão, dado o pouco aproveitamento do personagem) tem sim, horas em que decepciona.
Entretanto, pelo menos para esta que vos escreve, somente a química entre Beltrán e Pattinson, já vale a pena. É tão bom quando você percebe o que está acontecendo em tela sem que sejam necessários diálogos. Não que esses sejam ruins (embora pudessem ser melhores). Mas só pelo olhar dos atores (e aqui, os grandes e expressivos olhos azuis de Marina Gatell se destacam) você pode notar tudo o que não é dito. Dor, vergonha, remorso, culpa, amor, profundo e dolorido amor.
Por essa dinâmica de trio trágico e por se tratar de um pedaço da vida de duas figuras icônicas eu indico que sim, veja Poucas Cinzas: Salvador Dalí.
Porém, mantenha as expectativas sob controle. Não se trata de uma obra-prima. Foi somente o primeiro de muitos trabalhos em que Robert Pattinson grita a plenos pulmões que quer ser (e é) muito mais do que o ator da franquia pseudo vampiresca.
Nota: 7.0
Gostou da crítica? Quer ajudar a manter (e crescer) o blog? Vai na HOME e clique nos botõezinhos pra curtir a página no facebook e seguir-me no twitter. Se desejar, também se tornar um padrinho/madrinha do blog, manda um pix de qualquer valor para carollsophies@gmail.com
Comentários
Postar um comentário