Little Ashes/Poucas Cinzas (2008): Salvador Dalí. A primeira prova de que Robert é muito maior que Edward.

                                                                     


Quando Crepúsculo saiu nos cinemas, eu ainda tinha a ilusão de aquilo poderia ser bom. Mesmo que fosse daquele é ruim mas é bom, ou seja, eu sei que é ruim mas eu gosto. Lógico que eu só pensava assim por não ter lido os livros. Vi alguns trechos do filme. Todas as esperanças se foram. Um pouco depois minha prima se revelou viciada na franquia, após o marido ter alugado o DVD por engano acreditando se tratar de um filme de terror. Então eu já tinha pego ranço de tudo que envolvesse os vampiros vegetarianos. Mas minha prima me deu a versão digital dos livros e, bem, me obrigou a ler. Eu li tentando gostar porque a forma que ela falava era de fã mesmo, e como eu tenho os meus muitos amores (Doctor Who, Tolkien, Harry Potter, Ágatha Christie, Star Trek, Star Wars, DC, Marvel etc) tentei gostar. Mas foi em vão. 

Numa das tentativas de dissuadir minha opinião pelo menos sobre Robert Pattinson, me indicou o filme Poucas Cinzas, dirigido por Paul Morrison, cujo trabalho não conheço, no entanto nesse filme me pareceu que somente fez o básico. O mérito (se há algum) fica pelos atores. Sim, porque, não lembro se pensava assim naquela época, mas as atuações de Pattinson(Dalí), Javier Beltrán(Frederico García Lorca) e Marina Gatell(Margarita) me prenderam e surpreenderam positivamente.

A técnica não chama a atenção mas também não faz feio. Assim como a direção, faz o seu dever. Nada mais, nada menos. 

Dalí era uma criatura exótica. Ao mesmo tempo tímido e exibicionista. Arrogante e humilde. Impossível de acompanhar o que seria no decorrer do dia. Estava numa hora de um jeito, na hora seguinte, de outro. Robert passou muito bem todas essas nuances. Tanto que, à princípio, achava que ele estivesse inseguro, quase trêmulo e depois percebi que não, era somente uma das facetas de Salvador. 
Javier Beltran consegue dar um ar de inocência a García Lorca que me tocou profundamente. Fica óbvio que ele amava o pintor, e, sabia ser amado de volta. Mas também aprendeu que, ao menos naquela época, o artista nunca teria coragem de expor tais sentimentos, nem para si mesmo. 

O longa é baseado em cartas que Dalí escreveu antes de morrer, confessando seu amor por Lorca.
 
Com momentos um pouco irregulares e coadjuvantes sensacionais pouco explorados (Luís Buñuel, cineasta espanhol naturalizado mexicano, por exemplo, praticamente só fez o ator inglês Matthew McNulty bater o cartão, dado o pouco aproveitamento do personagem) tem sim, horas em que decepciona. 

Entretanto, pelo menos para esta que vos escreve, somente a química entre Beltrán e Pattinson, já vale a pena. É tão bom quando você percebe o que está acontecendo em tela sem que sejam necessários diálogos. Não que esses sejam ruins (embora pudessem ser melhores). Mas só pelo olhar dos atores (e aqui, os grandes e expressivos olhos azuis de Marina Gatell se destacam) você pode notar tudo o que não é dito. Dor, vergonha, remorso, culpa, amor, profundo e dolorido amor.

Por essa dinâmica de trio trágico e por se tratar de um pedaço da vida de duas figuras icônicas eu indico que sim, veja Poucas Cinzas: Salvador Dalí. 

Porém, mantenha as expectativas sob controle. Não se trata de uma obra-prima. Foi somente o primeiro de muitos trabalhos em que Robert Pattinson grita a plenos pulmões que quer ser (e é) muito mais do que o ator da franquia pseudo vampiresca. 
                                                                                                          
                                                                                                   Nota: 7.0

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