Um Lugar Silencioso Parte 2: Uma continuação enxuta e eficiente.

 


Confesso que quando saiu o primeiro "Um Lugar Silencioso", lá em 2018, não me bateu muito entusiasmo. Afinal, apesar de ter Emily Blunt e o marido, que também assinava a direção (o que, pra mim, era novidade), me vinha um cansaço de filmes pós-apocalípticos com monstros. 

Porém, as críticas foram saindo favoráveis, o público também gostou, e acabei assistindo numa tarde. E, apesar de alguns clichês e ser sim, muito previsível, me peguei ainda mais apaixonada por Blunt e completamente rendida ao talento de Krasinski (como diretor e ator também). 

Dessa vez, não foi diferente.  ,

Como todos sabemos, não é sempre que as continuações se justificam ou são boas. 

Graças ao grande talento do diretor, as atuações irreparáveis de todo o elenco e uma equipe técnica certeira, principalmente na montagem, essa segunda parte de Um Lugar Silencioso é, sem dúvida, uma ótima pedida pra quem quer suspense, terror, e drama, muito bem amarrados e embasados.

A trama volta um pouco no tempo, mais precisamente no fatídico dia que o ataque dos monstros começou. Mas não se aprofunda demais em explicações ou sentimentalismo. Um dos grandes acertos, inclusive, é esse: com uma hora e meia de duração, as coisas são tão bem dosadas e passadas com tanta coesão que nada fica nem mal feito, nem estendido demais.  

Na primeira meia hora você já sentiu o drama (ainda mais se o primeiro filme estiver fresco na memória), já ficou aterrorizado e já está sem respirar e piscar com o suspense. A narrativa é intuitiva e simples, não há necessidade de longos diálogos (o que faz sentido de acordo com o enredo), e, eu acredito que isso tenha enriquecido o filme como um todo. A partir da primeira hora (ou seja, no segundo ato) já está tudo encaminhado, e ao mesmo tempo, um pouco imprevisível, pois muita coisa pode dar muito errado num piscar de olhos. E, no final, que você nem vê chegando, é como se alívio e tensão se misturassem e você fica com a nítida ideia de que, ao mesmo tempo que se fechou um ciclo, provavelmente, outro virá. O que dá margem para um terceiro filme. 

Sobre as atuações: 

Dizer que Emily Blunt é uma atriz incrível, é quase como dizer que água é molhada. As cenas do primeiro filme que mais me impressionaram, foram as dela. Porém, é preciso dizer que Millicent Simmonds estava muito bem também, e aqui, nesse segundo volume, sua personagem é fundamental e sua performance é magnética. Facilmente ela está à altura de Cillian Murphy, com quem contracena a maior parte do tempo. O irlandês, aliás, não surpreende ninguém mostrando mais uma atuação formidável. 

Me lembro até hoje a primeira vez que o vi. Na série Everwood, que no Brasil, ganhou o subtítulo novelesco, Um Lugar Para Recomeçar, e passava nas manhãs de domingo (ou seria sábado?) do SBT. Sua ascensão foi um pouco vagarosa e sem grandes holofotes, mas também constante e sem escorregões pelo caminho. Atualmente faz sucesso com a série Peaky Blinders.

A montagem:

Normalmente, os únicos aspectos técnicos que me causam impressão são fotografia e trilha sonora (às vezes maquiagem e figurino também, mas em alguns casos somente), mas em Um Lugar Silencioso Parte 2, impossível não admirar tanto a filmagem como a montagem. 

Mostrando as passagens de dois núcleos diferentes, em momentos distintos, mas ambos fazendo coisas igualmente arriscadas, heroicas, ou correndo o mesmo perigo de formas diferentes, um após o outro, para depois voltar ao primeiro, e assim sucessivamente, num paralelo uniforme e inquietante, foi quase demais para o meu miocárdio. 

Pra finalizar, sinto o dever de dizer que, a importância da presença de Millicent Simmonds, no que tange à sua representatividade, é enorme. Ela tem um grande peso, mas John Krasinski soube torná-lo leve.

Tanto no primeiro filme quanto neste, é evidente que a atriz é muito boa, mas poderiam tê-la posto numa posição de vítima ou num pedestal.

O diretor teve sensibilidade e bom senso para não fazer nem um, nem outro. É com absoluta naturalidade que se mostra tudo a respeito da deficiência auditiva da menina, assim como todo o resto a seu respeito. Só por isso, o marido de Emily Blunt, já merece reconhecimento. 

                                                                                                                      Nota: 8.0


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