Army Of The Dead ou Zumbis à moda Zack Snyder

                                                                   



Encabeçado por Dave Bautista, com o título num tom de rosa constrangedor de tão forte, estreou na segunda, dia 21, Army Of The Dead, que foi escrito, montado, dirigido e fotografado por Zack Snyder. 

A despeito se sou, ou não, fã do diretor é preciso reconhecer o quanto ele é corajoso, o que nem sempre é uma coisa boa. Aqui, talvez um pouco menos de ambição, fosse bem-vinda. Mas pra não ficar fazendo suspense desnecessário, digo logo o que acredito se aplicar a esse longa: Se você assistir só pra se divertir e espairecer depois de um dia de trabalho ou um término de namoro, ou seja, você não quer e nem tem condições de ver nada que exercite sua mente, então, provavelmente, se não esperar nada além disso, vai te agradar. Mas, se, por acaso, você cair na armadilha de pensar um pouco, aí, não recomendo. 

Mas há quem diga: E quem é que, em sã consciência, vai esperar intelectualidade de um filme desses? E, realmente, jovem gafanhoto, ninguém, que não esteja, previamente, disposto a falar mal do diretor, vai esperar extrair um estudo acadêmico provindo de tal trabalho cinematográfico. Mas o erro nesse caso é a falta de lógica mesmo depois que você adotou a lógica do filme. Ele não faz sentido consigo mesmo!

O tema político se torna perceptível ao fazer o governo se aproveitar do caos para promover uma limpeza étnica e social, e beirando um regime de exceção, com, tanto voluntários quanto habitantes da zona "em quarentena" sendo tratados sem a menor educação e respeito.  

Não é a primeira vez que Snyder tenta dar um verniz de causa maior aos seus filmes. Em Batman vs. Superman, por exemplo, fica clara a menção ao preconceito com imigrantes, e a (quase nula) responsabilidade social de megacorporações (Bruce Wayne não fazendo ideia da situação de penúria em que se encontra o funcionário que ele próprio salvou, é um retrato disso). O problema é que, essas coisas ficam só jogadas ali, sem realmente fazer parte da estória, sem aprofundamento.

A primeira hora discorre perfeitamente. As apresentações dos personagens são bem feitas. Aliás, esse é o ponto alto, juntamente com a fotografia, muito bem executada e com uma parcimônia que eu já tinha desistido de esperar de Zequinha.

 Voltando aos personagens, Dieter, o arrombador de cofres, apesar de aparecer pouco, é meu favorito, e o  shipp com Vanderhoe foi automático, pra mim. Impossível não se importar com eles, sentir suas dores e rir quando a cena é engraçada. Não há nada lá muito fora do tom nas atuações, embora todas pudessem ser bem melhores, principalmente a de Dave Bautista. Em alguns momentos, me importei mais com os militares do início do que com o protagonista...e isso, a meu ver, não deveria acontecer.

A única personagem que, sinceramente, não entendi o por quê da existência foi Kate (Ella Purnell), que tem todo o ar dos jovens sjw (social justice warrior) mimados, estúpidos e arrogantes. Sua entrada é forçada, sua motivação não faz sentido algum, o drama entre ela e o pai não convence nem por um momento, e mais uma vez, foi, claramente com a intenção de fazer com que a estória parecesse mais complexa e profunda do que é. Seria melhor, se Snyder tivesse se comprometido com o tom de galhofa inicial que funcionou tão bem. É esse o problema central, pra mim. A obra tem muita identidade visual, mas não narrativa. Zack, dessa vez, não soube dizer a que veio de fato. Embora, como eu disse antes, isso não seja imperativo para tornar as duas horas e meia divertidas. Divertido ele é. Faz sentido? Não. Pra quê aquele tigre inútil? Aparece quatro vezes pra só ter uma função, bem rasa, no final. Muitas cenas são desnecessárias e cansativas, com o abuso de câmera-lenta, e trilha sonora que às vezes chega a ser invasiva, e,  me fazem entender o porquê tantos já suspiram e dizem, "ai não", quando veem que Snyder está fazendo um filme. 

É clara a referência a Esquadrão Suicida, desde os trailers. Na verdade, em parte, pode-se dizer, a grosso modo, que, se trata de um Esquadrão Suicida sem poderes, e com zumbis. 

Zumbis inteligentes a ponto de se reproduzirem, aliás. O que não chega a ser uma inovação tão grande, já que, mortos-vivos organizados, rápidos e inteligentes já apareceram em outros filmes, como por exemplo, Meu namorado é um zumbi (2013) e Guerra dos Monstros (2015).

A forma como tudo é conduzido, com alguns ganchos que ficam sem conclusão, deixam claro que terá uma sequência. Na verdade, já tinha sido anunciado que se tratava de uma trilogia. Mas duvido que os próximos filmes possam salvar a franquia a ponto de dizer que os erros aqui feitos tiveram suas razões e sejam justificados.

Contudo, há que se dizer, com justiça que: a ação é boa, a sanguinolência é eficaz e o jogo de câmera nas cenas aflitivas é muito bem feito. O longa tem muitos acertos, diverte e entretém sem que se sinta passarem mais de duas horas, o problema, no entanto, é a narrativa com o tom indeciso.  

                                                                                                                                     Nota 5, 2


Gostou da crítica? Quer ajudar a manter (e crescer) o blog? Vai na HOME e clique nos botõezinhos pra curtir a página no facebook e seguir-me no twitter. Se desejar, também se tornar um padrinho/madrinha do blog, manda um pix de qualquer valor para carollsophies@gmail.com 


Comentários

Postagens mais visitadas